sábado, 26 de fevereiro de 2005
Nacionalidade: Passaporte
Estava inserindo as informações na base de dados, mecanicamente, como sempre o fazia.
Estava na fichinha número 52.
Inseriu o nome, o sobrenome e a partir daqui o pânico instalou-se.
No endereço dizia 9965654429; o telefone era Rua de Baixo n.º 7, Aveiras de Baixo; o número do passaporte referia "24/05/1963"; e, por fim, cereja do bolo, a sua nacionalidade informava "passaporte".
O funcionário suou.
Pensou, reflectiu, matutou.
Olhou para as outras 22 fichas que ainda tinha de inserir e que lhe sussurravam: "despacha-te, se não jantas aqui connosco na repartição, irá ser um prazer".
Voltou a olhar para a ficha rebelde.
Mirou o relógio.
Porque raio aquela pessoa tinha resolvido lhe tramar daquela maneira?
Deveria copiar tudo errado, da maneira como estava no papel, sua obrigação?
Ou deveria fazer uma cópia correctiva?
O primeiro procedimento era o mais acertado, apesar de um consulente desavisado poder julgar que o copiante havia surtado durante o exercício de suas funções.
A segunda alternativa o faria ultrapassar sobremaneira as suas obrigações.
E ainda havia mais a ponderar.
Não poderiam ser correctas as informações? Quem era ele para julgar se telefone parecia nome de rua, se o endereço parecia um número de telefone?
E a nacionalidade não poderia perfeitamente ser passaporte?
Olhou para o colega que estava ao seu lado direito e que se mantinha fichando tudo o que lhe passava pela vista.
Olhou para o colega da esquerda que furiosamente atacava o teclado do computador e que num pequeno momento dirigiu um olhar de interrogação, tendo, uma fracção de segundo depois, agarrado outra ficha, com rapidez meteórica.
Então o pobre funcionário, que não era pago para ter dúvidas existenciais, resolveu o problema da maneira que se resolvem as mesmas.
Deixou esta ficha para depois.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005
Tea Break
Para a tal pausa na política, nada melhor que um cházinho.
Mas há chás e chás.
Existe uma expressão portuguesa que é "deu-me um chá". E é uma coisa muito chata, um chá. É levar um sermão daqueles elaborados, que nunca mais acabam e que nós estamos pouco ligando, porque depois até vamos dizer "deu-me um chá" e não "aconselhou-me" ou "contou-me".
Falando em chás, lembrei-me de uma casa de chás muito boa que fica no Bairro Alto, aqui em Lisboa. Não me lembro o nome, mas me recordo de um pormenor interessante, que é o facto de os chás serem provenientes da Holanda. E nós sabemos quão liberais são as casas de chá da Holanda.
Resultado: há uns chás que estão no menu mas não se vendem, sei lá porque. Por serem demasiadamente energéticos?
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005
Cavalgada
Minha nossa, como anda pesado o espaço aqui!
Tantos desabafos em relação às legislativas!
Não queria que isto acontecesse, mas o blog fugiu das minhas próprias mãos.
O que é bom, quando ocorre. Sabem, quando o interesse por algo é tanto, que perdemos as estribeiras e seguimos cavalgando num animal chucro, mesmo sem rédeas?
Foi isso o que aconteceu.
Agora, o assunto eleições está praticamente arrumado: só quero fazer um post sobre o voto de protesto e o voto em branco.
Mas vou intervalar com coisas mais leves pelo meio, prometo que vou tentar.
Legislativas VIII: a derrota pessoal de Portas
Mas as pessoas acreditam no que ele diz, fico impressionado.
Em primeiro lugar, a democracia-cristã não é propriedade do PP. Se fosse, estavamos tramados. A democracia-cristã não é apenas representada por pessoas que se dizem extremamente religiosas.
E o último governo de António Guterres, era formado por muitos democratas-cristãos, membros do PS. Bem como o PSD tem muitos democratas-cristãos (sendo que alguns até fugiram do PP).
Em segundo lugar, o BE não é apenas formado por trotskistas. Porém, devo esclarecer que de rotulagens eu não entendo nada.
No entanto, concordo com Portas, é uma pena esta tão curta diferença. Era preferível que fosse maior, ficando o PP com uma menor representação.
Em terceiro lugar, é bom saber que Portas ainda julga viver num país civilizado, apesar de dizer que apenas o seu partido assegura os valores.
Legislativas VII: as 4 derrotas do PP
CDS-PP
Portas demite-se da liderança do partido
Paulo Portas demitiu-se da liderança do CDS/PP assumindo a derrota do partido nas legislativas. «Acho que terminou o ciclo político em que presidi ao CDS/PP», afirmou Portas, numa declaração de reacção aos resultados eleitorais, com um tom de voz embargado pela emoção.
( 23:19 / 20 de Fevereiro 05 )
Paulo Portas demitiu-se este domingo da liderança do CDS/PP, assumindo a derrota do partido nas legislativas.
O CDS/PP passou de terceira para quarta força mais votada nas eleições, com 7,3 por cento dos votos, longe dos 10 por cento pedidos por Portas na campanha eleitoral.
Paulo Portas, que liderava o partido desde 1998, justificou a demissão considerando que «o povo português detesta a conversa das vitórias morais».
Da mesma forma reconheceu que falhou todas as metas traçadas para estas legislativas: atingir os 10 por cento de votos, manter o CDS-PP como terceira força política, conseguir a vitória do centro-direita e impedir uma maioria absoluta de qualquer partido.
Paulo Portas apontou também como uma derrota e um motivo para a sua demissão o resultado obtido pelo Bloco de Esquerda, argumentando que em «nenhum país civilizado do mundo a diferença entre os trotskistas e democratas-cristãos é de um por cento».
O líder demissionário prometeu convocar para «tão cedo quanto possível» um congresso para decidir a sua sucessão e deu a entender que se manterá no partido, afirmando que não abandonará a "casa".
Legislativas VI: a direita a apanhar papéis
Os episódios da campanha foram relatados aqui. Mas só uma franja.
Foi muito pior. E não foi só a campanha. Isso não seria tão mal para Portugal.
Mal foi a (des)governação.
Os meus desabafos aqui nem tem muito sentido. O povo português fez um enorme desabafo, um suspiro tão forte de alívio, por poderem votar a saída dos maus, que acabou devastando o PSD.
PSD este que já tinha devastado a vida das pessoas.
Claro que podem invocar a pesada herança deixada pelo PS. Mas não se pode esquecer do que fez Durão Barroso, que foi para a Comssão Europeia (e bem), mas deixou o país a gramar Santana Lopes.
Aliás, a decisão de Barroso foi um dos factores que contribuiu decisivamente para o aniquilamento da direita.
Santana não resistiu e já pediu a demissão. Mas não pediu logo. Esperou um dia para pensar bem.
Agora começou a guerra civil no PSD, pela liderança.
Será que as grandes figuras irão assumi-lo novamente, ou pretendem continuar a deixar o partido na mão de quem podem criticar depois?
Legislativas V: os representantes da irresponsabilidade
A nova esquerda, combativa, socialista, ocupou definitivamente o seu lugar.
Desabafos:
Bastou o Bloco de Esquerda formar um grupo parlamentar de 8 membros para tudo mudar.
Se os 3 deputados de antes não faziam diferença a ninguém, agora com 8 mandatos os bloquistas já foram rotulados de tudo e mais alguma coisa, que é para não haver confusões.
Ouvi de tudo. Descobri que quem vota Bloco é irresponsável, por exemplo. Descobri que votamos no Bloco porque estamos todos contentes com a situação (?!) e assim sabemos que nada irá mudar.
Bom, ouvi tanta coisa, que até me sinto um pouco ofendido. Não admito que desvalorizem o meu voto desta maneira.
Falo por mim e por muitos que conheço: votamos Bloco porque é a única alternativa de oposição e denúncia na Assembleia da República.
Desvalorizem à vontade o Bloco, porque o certo é que já são 8 deputados.
Que representam, cada um deles, problemas que irão ser colocados ao status quo.
Assim espero.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2005
Legislativas IV: a terceira força silenciosa
E esta surpresa deu-nos a CDU.
Jerónimo deu nova alma ao PCP.
E, sem muito alarde, a CDU, lembrando formiguinhas trabalhadoras, recuperou os seus votos e tornou-se novamente na terceira força política em Portugal.
Alguns desabafos também:
As interferências dizem que é só um efeito Jerónimo, como se fosse um anticiclone dos Açores, que vai-se logo embora. Atenção, não é um anticiclone! Dura 4 anos!
E mesmo que seja um anticiclone temporário, é bom lembrar que andavam todos a profetizar o fim do PCP. Dizem eles que o mal do PCP é ser um partido de esquerda velho, que irá perder-se com os seus discursos que já não se coadunam com os tempos.
A resposta está dada e mede-se em números: 7,6% das pessoas ainda acham que a mensagem dos comunistas, nova ou velha, é a mensagem.
Legislativas III: o tsunami rosa
Inclusive ganhou Viseu, o Cavaquistão (assim chamado porque lá é terra social-democrata, onde Cavaco Silva sempre aniquilava os adversários). E empatou em mandatos na Madeira, tendo Alberto João Jardim ficado destroçado.
O PS garantiu assim uma maioria absoluta de mandatos na Assembleia da República.
E quanto a isto tenho alguns desabafos a fazer:
Primeiro desabafo: Muitos (eu incluído) não desejavam esta maioria absoluta do PS, mas sim uma maioria relativa. Achavamos que era melhor confrontar o PS, para a aprovação de suas políticas, com a necessidade de efectuar alianças à sua esquerda. Sim, porque à direita, com o PP, ninguém acreditava que tivessem coragem de se coligar.
Esta vontade é fácil de explicar. O PS tem várias correntes, a do seu líder é a mais à direita.
Segundo desabafo: O ver por outro lado. E o outro lado diz-me que até é boa esta maioria absoluta. Ela significa responsabilização do PS. O PS nunca teve esta condição para colocar em prática as suas políticas.
Agora, seja o modelo nórdico, seja qualquer coisa, o PS tem que ser Socialista, como diz o seu nome (convém não esquecer) e, sem haver álibis, governar como sempre pretendeu e nunca pôde. Supostamente.
Terceiro desabafo: Impressiona-me que seja José Sócrates a conseguir o que, nem Mário Soares, nem António Guterres conseguiram e que tanto pretendiam.
Mas entende-se, porque estavamos mesmo muito cansados de Santana Lopes.
Quarto desabafo: Quererem convencer as pessoas de que todos agora só votam como forma de protesto. A esquerda ganha e o que se diz é que não é tanto uma votade de ter o PS a governar, mas sim um voto de protesto. Quantos votos de protesto!
Legislativas II: varrer
António Vitorino teve uma frase que concretiza tudo: o Presidente da República tinha razão quando convocou estas eleições.
Viu-se nas urnas. O meu anterior post diz tudo.
Agora é esperar que o PS faça uma boa governação.
Legislativas I: resultados
LEGISLATIVAS 2005
PS alcança maioria absoluta
O PS alcançou a maioria absoluta nas eleições legislativas, com 120 deputados dos 226 apurados hoje, de acordo com os resultados oficiais
( 23:31 / 20 de Fevereiro 05 )
O PS garantiu, este domingo, a maioria absoluta nas eleições legislativas, com 120 deputados dos 226 apurados hoje, de acordo com os resultados oficiais provisórios.
O partido obteve 2573302 votos, 45,05 por cento do total, quando está feito o escrutínio em 4.250 freguesias e falta apurar o resultado de apenas 2 freguesias e contabilizar os votos da emigração.
O PSD conseguiu 72 deputados, a CDU 14, o CDS-PP elegeu 12 e o Bloco de Esquerda 8.
Face às eleições legislativas de 2002, o PS obteve mais 515 mil votos e mais 24 deputados.
A Assembleia da República tem 230 mandatos, faltando apurar os quatro deputados eleitos pela Emigração, que serão conhecidos a 02 de Março.
O Partido Social Democrata (PSD) perdeu cerca de 540 mil votos nas eleições de hoje, face às anteriores legislativas, caindo de 40,15 para 28,7 por cento dos votos expressos.
A Coligação Democrática Unitária (CDU) passou a ser a terceira força política, com 7,57 por cento dos votos, registando uma subida face aos 6,97 por cento registados em 2002. Em valores absolutos, a CDU obteve mais 53 mil votos, o que lhe permitiu aumentar o número de mandatos de 12 para 14.
Inversamente, o CDS-PP caiu, passando do terceiro para o quarto lugar, com 7,26 por cento dos votos, contra os 8,75 por cento registados nas anteriores legislativas. O CDS-PP perdeu mais de 60 mil votos e 2 deputados.
O Bloco de Esquerda (BE) foi o partido que mais cresceu, de 2,75 por cento há três anos para 6,38 por cento, quase triplicando o número de mandatos, de 3 para 8. Em número de votos, o BE obteve mais quase 115 mil do que nas últimas legislativas, chegando aos 364296.
A abstenção caiu 2,68 pontos percentuais relativamente às eleições de 2002, diminuindo de 37,66 para 34,98 por cento, segundo dados do Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral (STAPE).
Nas legislativas de 2002, em eleições ganhas pelo PSD, dos 8.715.630 eleitores inscritos no país deslocaram-se às urnas 5.433.190, o que representou uma taxa de participação de 62,34 por cento.
Nas eleições de hoje, e excluindo também a votação nos círculos da Europa e Fora da Europa, a afluência subiu para os 65,02 por cento, já que, em 8.784.702 inscritos, exerceram o seu direito de voto 5.710.440 eleitores.
Os votos brancos representaram 1,81 por cento do total e os nulos 1,12 por cento.
As freguesias onde ocorreram boicotes eleitorais, Germil (Ponte da Barca) e Soito (Sabugal), não vão repetir a votação por estar concluído o processo de atribuição de mandatos de deputados nos distritos de Viana do Castelo e Guarda.
De acordo com a lei eleitoral, não haverá repetição de eleições se o resultado de uma nova votação for indiferente para a atribuição de mandatos de deputados.
domingo, 20 de fevereiro de 2005
Votar!
sábado, 19 de fevereiro de 2005
Turismo na Aldeia: contador grátis, da redebrava
Hoje, dia 19 de Fevereiro de 2005, aproveitando o período de reflexão imposto pela legislação eleitoral portuguesa, inseri o contador de entradas da bravenet no meu blog.
O meu blog, como dá para verificar, já existe desde Setembro de 2003 e já deve ter mais de 200 posts (não percebo porque a Blogger anda tão atrasada com esta contagem).
E por nunca ser tarde para melhorar, resolvi implementar este serviço.
Descobri que dava para fazer a contagem já há algum tempo no Abrupto, de Pacheco Pereira, mas achava que era complicado de fazer.
Enfim, gasta-se algum tempo, para quem não percebe nada disso como eu, mas o resultado vale a pena.
E agora, com contabilidade organizada, as Finanças já não me chateiam!
Há algo de muito frio no Reino da Dinamarca
Em Lisboa está um frio de rachar, uns 11º graus de média, eu acho.
Outro dia, estava falando com um conhecido meu, dinamarquês.
Ele é um dinamarquês especial, de origem africana. O último país do mundo que diríamos que é o de sua origem, seria a Dinamarca.
Bom, mas este senhor está passando por algumas dificuldades em Portugal.
E como se sabe, na Dinamarca ninguém passa por provações (que grande generalização a minha!).
Mas perante os problemas financeiros que ele está passando, questionei: porque não regressas à Dinamarca?
E ele respondeu-me: a Dinamarca é fantástica, mas o dia de hoje era um excelente dia de verão lá.
Entendi tudo.
Vera Drake
A propósito da questão do aborto, que falei no post anterior, muito por alto*, convêm fazer referência a um excelente filme que vi na semana passada: Vera Drake.
É um filme que relata como nenhum, o problema do aborto e da falta de alternativas legais para o mesmo. Mostra ao que se sujeitam as pessoas.
Não posso contar mais que isso, para não contar o filme a quem pretende assistir. Mas se quiserem conversar sobre o assunto, estou à disposição!
A não perder, direccionado aos que gostam de pensar e reflectir sobre outros mundos possíveis.
Vale ainda pela magnífica interpretação de Imelda Staunton, que representa a personagem de Vera Drake.
*A questão das leis que não se adequam à sociedade para as quais se dirigem é inesgotável. E os punidos pelos desrespeitos são sempre os mesmos.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005
Votar no Bloco de Esquerda
É engraçado notar que quem vota no Bloco de Esquerda tem de justificar muito bem o seu voto.
Não basta dizer "voto bloco", porque logo a seguir inicia-se um discurso.
Fundamentalistas, só tem ideias, não tem um programa de acção, esquerda radical, blá blá blá, nunca mais acabam.
Eu sei porque voto Bloco.
Voto Bloco porque sei que são empenhados e trabalhadores. Sei que cada um deles se esforça por merecer a confiança do voto.
Voto Bloco porque sei que é um partido de denúncia, que não deixa de falar o que sabe por causa de conveniências.
Voto Bloco porque eles tocaram no ponto da imigração e tocaram bem: legalizar o imigrante que está em Portugal, com autorizações de residência. Nada de vistos de escravatura, como temos hoje em dia.
Voto Bloco porque eles pretendem a reforma fiscal e a perseguição e denúncia da fraude tributária, custe o que custar.
Voto Bloco por saber que eles estão realmente do lado dos trabalhadores e não defendem a competitividade como um fim a ser alcançado a qualquer preço. Irão sempre se bater pela defesa da integridade dos direitos do trabalhador.
Voto Bloco porque são os que mais se batem pela igualdade e não discriminação.
Voto Bloco porque o aborto clandestino deve ser combatido e uma das maneiras de o combater é através de uma lei que se adeque à realidade. Despenalizar o aborto é possibilitar que se faça o mesmo em condições, não reservando este direito apenas para quem possa viajar para a vizinha Espanha.
E agora vem o tal comentário: "ah, mas isso é só discurso".
É verdade, é só discurso.
Mas do que é feita a política? O que fizeram os que acusam os outros de suas ideias serem difíceis de cumprir?
Onde está a reforma fiscal? Onde está a reforma da Administração Pública? Onde está a reforma da Justiça? Onde está a reforma da educação?
Onde?
Já ouço há anos estas promessas e nenhum partido quando chega ao Governo move uma palha!
Sabem onde ninguém mexeu e que por isso pode ter lá as reformas e o desenvolvimento escondido?
No Bloco de Esquerda.
Liquid Tension Experiment
De repente, descobri um novo grupo de rock progressivo.
Chama-se Liquid Tension Experiment.
A formação é fantástica: Tony Levin no baixo, John Petrucci na guitarra, Mike Portnoy na bateria, Jordan Rudess nos teclados.
Cada um melhor que o outro, cada um domina como ninguém o instrumento que toca.
Juntos, fazem músicas instrumentais fantásticas.
Na verdade, é como se fosse o Dream Theater, sem vozes e sem o John Myung no baixo. E agora que o Jordan Rudess está também no Dream Theater, mais esta afirmação tem razão de ser.
As músicas são muito boas, muito variadas, muito criativas.
Destaco duas, uma para cada álbum: no primeiro disco, Freedom of Speech; no segundo, Acid Rain.
Este sim deve ser um dos posts mais subjectivos que já redigi.
Por um lado ninguém, ou muito poucos, ouvem rock progressivo (nem sabem do que estou falando).
Por outro lado, quem sabe o que é, normalmente, faz uma careta quando se fala no assunto.
Mas o que fazer se acho tão bom?
Ágata
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005
O Apóstolo da Mentira
O bebé na incubadora volta a fazer das suas!
Mensagem aos Abstencionistas
Fevereiro 16, 2005
Caro(a) Amigo(a),
Não pare de ler esta mensagem.
Se o fizer, fará o mesmo que o Presidente da República fez a Portugal, ao interromper um conjunto de medidas que beneficiavam as portuguesas e os portugueses.
Portugal precisa do seu voto para fazer justiça.
Só com o seu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem.
Você não costuma votar, e não é por acaso.
Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar.
E quem são eles?
Alguns poderosos a quem interessa que tudo fique na mesma. Incluindo a velha maneira de fazer política.
Eles acham que eu sou de fora do sistema que eles querem manter. Já pensou bem nisso?
Provavelmente nós temos algo em comum: não nos damos bem com este sistema.
Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como me tratam a mim?
Também o tratam mal a si. Já somos vários. Ajude-me a fazer-lhes frente.
Desta vez, venha votar. É um favor que lhe peço!
Por todos nós,
Pedro Santana Lopes
Publicado por campanhapsd em Fevereiro 16, 2005 03:11 PM
Esta carta foi distribuída nas casas de milhões de portugueses!
E vinha sem remetente!
Santana: rir ou chorar?
Que Cena Miserável - republicação
Republico o post, de 12 de Novembro de 2004, porque só hoje consegui fazer meu hello postar a foto.
Continua actual e é importante denunciar a falta de vergonha.
O Diário de Notícias está realmente virado do avesso.
O certo é que a propósito da morte de Arafat, este jornal, na capa, não se lembrou de dizer nada melhor do que:"Arafat sai de cena"
Por favor, me alertem se eu estiver sendo muito implicante.
Mas eu acho a frase de um extremo mau gosto.
Sai de cena?
O homem morreu! Faleceu! Não existe mais! Bateu a bota!
Ele já estava há anos a representar o povo da Palestina! Era um líder!
Agora, na capa, "Arafat sai de cena", como se fosse ali na esquina tomar um café, como se tivesse simplesmente saído da política, como se fosse um actor que saiu do palco.
Ele saiu do palco, não é isso que está em causa.
O que me parece é que valorizaram muito o palco e pouco a pessoa.
Aonde estamos?
Ah já sei, no DN!
Imaginem se um de nós, qualquer um, falecesse e as pessoas dissessem: Fulano saiu de cena.
Ai DN, o que te fizeram.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2005
Super Bock e Futebol
Eis uma jóia portuguesa: a Super Bock (o site é muito legal).
Ela me lembra algumas situações, relacionadas com jogos de futebol.
Digamos que ela é a principal patrocinadora dos grandes jogos de bola que assisto.
Na Copa de 1994, provavelmente eu estava tomando uma na final, com a Itália. E o Brasil, para ganhar os jogos, tinha que ver eu e o meu irmão com uma girafa (que é uma caneca de um litro) na mão, antes do jogo.
Em 1998 mantive o procedimento, mas perdemos a copa. Estaria eu tomando outra cerveja, enganado?
Em 2002, fomos campeões e eu estava sem cerveja de certeza, em todos os jogos - estava em pleno curso de formação da Ordem dos Advogados e os jogos eram de manhã. Não queria fazer minutas de petições iniciais com os copos (que em Portugal quer dizer bebum). Já era suficientemente difícil me concentrar, ainda por cima faltando aulas para ver os jogos. (Não se esqueçam que estou em Portugal, aqui o trabalho não pára por causa de futebol e esta hipótese estaria fora de cogitação para ver os jogos de outra selecção).
Em 2004, a campanha de Portugal foi muito boa no Europeu. Segredo? Não sei se não foi a Green da Super Bock que eu tomava antes dos jogos começarem. Mas, confesso que no último jogo, final com a Grécia, Portugal não teve sucesso, apesar de eu ter ido de propósito beber uma Green fora do lugar em que eu estava, após descobrir que não haviam Greens para todos.
Mas tem outro detalhe/problema: é outra marca de cerveja que patrocina a selecção de Potugal.
domingo, 13 de fevereiro de 2005
"A primeira força política de Portugal"
Na TSF: ( 19:23 / 13 de Fevereiro 05 )
TELMO CORREIA
CDS - PP sonha ser «a primeira força política de Portugal», disse este domingo, em Lisboa, o cabeça de lista por Lisboa. Telmo Correia diz que os democratas-cristãos consideram insuficiente ser «um dos três grandes».
Indo mais longe do que qualquer outro dirigente - e do que o próprio líder - na ambição futura do partido, Telmo Correia continuou a colocar a fasquia das próximas eleições de 20 de Fevereiro nos dez por cento, mas com esperança de ir mais longe.
Na Aldeia Blogal:
Logo após estas declarações, Paulo Portas recomendou umas férias a Telmo Correia, tendo ficado muito preocupado com a eventual necessidade do CDS-PP internar o deputado num manicómio, antes do final da campanha.
Telmo Correia diz piadas, mas o país que sofre irá chamá-lo a razão.
Mas sonhar é bom. O povo também sonha. E, num destes sonhos, os partidos que governam fazem-no para todos. O que o CDS-PP não fez, nem fará, nem pretende fazer.
Até da vontade de dizer: "Oh Telmo, não só de Portugal, mas do Mundo!"
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005
O Quinto Império do Aviador II: Sebastião Hughes
O filme relata a vida de Sebastian Hughes, um descendente de Dom Sebastião e Howard Hughes, nascido em Ceuta, que tenta fazer filmes e criar uma empresa de aviação em Marrocos.
Sebo, como fica conhecido em Ceuta, cedo começa a fazer carreira. Primeiro como contador de estórias, depois como mecânico de aviões.
O filme ilustra como, por duas vezes, é apanhado a tentar entrar em Espanha sem visto para o efeito. Apesar dos esforços de Sebo, ninguém acredita na fronteira, que o indivíduo tem tão nobres linhagens.
Ponto alto do filme é o momento em que Sebo diz, a olhar para o seu planador feito de papel de cartão e conchas: "Hei-de regressar a Portugal em meu avião, nas brumas da manhã, passando por cima da Polícia Marítima e sem que ninguém me veja".
O filme também conta com a colaboração de Dom Duarte Nuno, que grava uma cena em que vai visitar Sebo em Marrocos e lhe leva algumas prendas.
"Do que me valem estas bugigangas, se não posso regressar à minha pátria?", dirá Sebo e Dom Duarte responderá: "Guarda bem estas prendas meu querido sobrinho e, se regressares à nossa nação, não leves estas preciosidades, porque lá está o Dom Santana".
Sebo fica apreensivo: "Mas Dom Santana não irá aceitar-me junto às suas Cortes? Eu que sou descendente da nossa ilustre linhagem e tenho o sangue de um grande capitalista!".
E Dom Duarte, qual Simão Sapateiro Santo dirá: "Esta é uma pergunta de difícil resposta. Posso tentar encontrar algum sinal nas estrelas, ou no brilho da lua, eventualmente no voar dos pássaros. Mas tendo em consideração a maneira como actualmente se faz política em Portugal, certamente a resposta estará na tua orientação sexual. E esta resposta só tu saberás dar".
terça-feira, 8 de fevereiro de 2005
O Quinto Império
Aliás, já ensaiada pela ONU e agora com profunda convicção se processa com a União Europeia.
Entretanto, está o mundo submetido hoje a uma espécie de retorno à Idade Média sob um implacável terrorismo que vitima inocentes, e que perturba tanto os E.U.A. como a Europa, visando derrubar a civilização ocidental.
Esta espécie de retorno a uma luta atávica e incoerente, que é também de certo modo um retorno ao mítico Quinto Império, e ao desejado e encoberto.
Este conjunto de circunstâncias ligam-se miticamente ao Quinto Império, situação já ensaiada, ainda que falhada, pelo Imperador Carlos V, avô do Rei Sebastião.
Manoel de Oliveira
O Quinto Império do Aviador
Depois há filmes como "O Quinto Império", que precisam de poucos cenários, alguns actores e nos ensinam muito mais.
Sei que não devia comparar o incomparável, pois existe toda uma escola de cinema atrás destes realizadores, Martin Scorcese e Manoel de Oliveira.
Mas para mim faz algum sentido a comparação, porque eu vi os 2 filmes num intervalo de apenas 7 dias.
E se O Quinto Império me pareceu uma obra que deveria estar no teatro, com os seus pouquíssimos planos, com a sua imensa escuridão e, se não me engano, nenhuma fotografia externa, O Aviador me pareceu um esbanjamento de tudo.
E aí é que está: todo aquele esbanjamento do Aviador não me acrescentou quase nada.
Enquanto que O Quinto Império, na sua simplicidade (que até pode ser, e provavelmente é, uma simplicidade deliberada e pretensiosa), com o seu pequeno orçamento, com os seus diálogos muito inteligentes (baseados na obra de José Régio), conseguiu alimentar o meu espírito. Mas, verdade seja dita, também não sei se o intuito do Aviador era prover a alma de alguém.
domingo, 6 de fevereiro de 2005
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005
Um Peixe no Táxi
E assim foi, logo tendo chegado um táxi, conduzido por uma senhora, o que é muito raro, aqui em Lisboa.
Eu e o Peixe encontravamos submersos numa conversa, quando fomos interrompidos por uma pergunta ilegítima, Para onde querem ir, Ah ok, Alto de São João e a seguir Alameda, Mas se quiser pode ser o contrário, outro dia propusemos Alameda - Alto de São João e o seu colega não achou que fosse o melhor percurso. Mas é o melhor, disse a condutora.
Durante o caminho, eu e o Peixe íamos falando de bola, do Sporting e do Benfica.
Chegados perto da Alameda, o Peixe propôs que a senhora desse uma curva, o deixasse já ali, por ser mais fácil para fazer a volta e ir ao Alto de São João. Não vale a pena, disse a senhora.
E assim chegamos à Alameda, o Peixe na porta que não fica para o passeio, encetamos as movimentações para ele sair pela minha porta.
Porém, a senhora levanta-se do seu lugar e dirige-se à porta do Peixe e abre a mesma, com um ar pomposo e plena de simpatia.
Deixamos o Peixe, andamos 15 metros e vem a pergunta que vale este post.
"Aquele era o Peixe, jogador do Sporting?".
Não, não é.
Mas como disse o Peixe, quando eu contei a história, "sou do Sporting, estava vestido à Sporting, joguei com o equipamento do Sporting, mas não sou o Peixe do Sporting".
Eu completo: não é o Peixe do Sporting, porque este jogou ainda no Porto e no Benfica.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005
Portugal: Embaixada do Brasil
Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2005
Alain Minc desvaloriza a crise portuguesa como uma mera "depressão pós-parto" depois do esforço formidável de convergência europeia. Considera que esta crise pôs em evidência a modernidade do sistema constitucional português. Mas à Espanha que vaticina um papel decisivo na Europa e no mundo. Entrevista de Teresa de Sousa (texto) e de Luís Ramos (fotos)
Figura incontornável no meio intelectual francês, Alain Minc tem, desde há décadas, a capacidade de marcar a evolução do mundo com obras que fazem sensação - de "Le Media-choc", à " La Mondialisation Heureuse", de "L'Argent Fou" à "La Vengeance des Nations". É consultor de empresas e de governos e presidente do Conselho de Administração do jornal parisiense "Le Monde".
Ele diz assim, a meio da entrevista:
Portugal devia ser a embaixada do Brasil na Europa
Os 200 milhões de pessoas que falam português não nos chegam?
Com o Brasil, vocês têm, em certa medida, a mesma oportunidade (aqui se comparava com a Hispanidade). O problema é que o Portugal parece pequeno no interior do mundo lusófono enquanto a Espanha é rica e grande no interior do mundo hispânico.
E como é que, de Paris, se olha para Portugal?
Com um interesse particular que é de serem a embaixada do Brasil na Europa. E olhe que é um papel muito importante - não o subestime.
Quando penso na futura arquitectura mundial, o Brasil é uma actor extremamente importante para a Europa. Além disso, imagine um país que consegue eleger sucessivamente um verdadeiro intelectual, que foi um grande Presidente, e um verdadeiro sindicalista, que consegue ser Mitterrand sem os erros de Mitterrand - só pode ser um país espantoso.