domingo, 30 de outubro de 2005

Estamos muito mais seguros

No referendo mais importante que o Brasil já teve, venceu o ponto de vista da não proibição da venda de armas neste país.
Foi uma vitória larga dos apoiantes da não proibição.
Agora, graças a esta vitória, o Brasil é um país mais seguro.
Vejam bem que quase foi colocado em causa o direito a termos uma pistola calibre 38 na gaveta da nossa mesinha de cabeceira. Como seria possível imaginar a nossa vida sem esta alternativa tão viável para rechaçar a violência? Sim, porque agora sim estamos novamente seguros.
Se chegar um ladrão em nossa casa para nos assaltar, é só pegar a dita arma e chumbo em cima do fulano!
Aliás, no Brasil abundam excelentes atiradores, que se servem todos os dias dos seus revólveres para se defender.
A sorte é que as armas usadas são todas legais. Todas registradas e na mão do seu primeiro comprador. Até os marginais usam armas legais.
Conseguem imaginar se proibissem a venda de armas? Só os marginais iriam ter acesso a armas ilegais no Paraguai e nestes países terceiro mundistas onde não há leis. E também ia ser uma chatice enorme porque ia ter muito tráfico ilegal de armas. Ia ser enfadonho ter que criar uma lei firme que penalizasse severamente o porte de armas ilegais e sua venda. No Brasil, inclusive, nem há legisladores que o conseguissem fazer.
E depois, a nossa indústria de armas, como ficaria? E os milhares de desempregados? Sim, no Brasil estamos todos muito preocupados com a altíssima taxa de desemprego! E com a reintegração das pessoas no mercado de trabalho! E com as condições de emprego! Os desempregados das armas não teriam mais onde se inserir, porque no Brasil não há mais nada para fazer! É um país super desenvolvido onde áreas como a saúde, educação, agricultura tem imensos efectivos e imensa oferta à população! Não queiram se enganar, porque estas pessoas desempregadas não iam conseguir novos empregos e contaram-me que algumas estavam só esperando que fossem feitos os pagamentos das indemnizações pelos despedimentos para irem ao Paraguai comprar uma arma ilegal e saírem assaltando todos os brasileiros desarmados.
Mas mais do que tudo, é importante porque vingou o ponto de vista da liberdade! Olha este então é tão idiota que não consigo mais ironizar.
Pois é, brasileiros e brasileiras. Mandamos mais uma oportunidade pelo cano do esgoto.
O nosso problema de violência, a nossa cultura de violência vai continuar.
E não pensem que é com as armas que as coisas vão se resolver. Tudo vai ainda é se agravar. E é bem feito!
As armas não são a solução em nenhum lugar do mundo.
Andam pensando que as armas dão protecção? Lembrem-se de Columbine, lembrem-se do brasileiro morto no Metrô de Londres, pela polícia (!), não pelos ladrões. Lembrem que o ladrão vai roubar a arma da mesa de cabeceira e provavelmente é com a própria que irá assaltar a família proprietária. Lembrem que tem que esconder a arma das crianças, para elas não se matarem com estes instrumentos de liberdade. Lembrem que no Brasil há mais de 30000 pessoas por ano que morrem devido a armas de fogo. Lembrem que, legais ou ilegais, as balas matam.
Lembrem de reflectir e tentar agir socialmente para que o nosso país não seja tão violento. Ir à raiz das coisas, pensar porque que é que o Brasil está deste jeito que as pessoas acham que só tendo uma pistola é que se está em segurança. E não só pensar, agir!
Mas tudo bem.
O Brasil escolheu.
Escolhemos sempre bem, nós brasileiros.

quinta-feira, 20 de outubro de 2005

Sentido e destino

Interessante algo que constatei, apenas com 29 anos de idade.
Não sei se já todos se deram conta que destino e sentido são escritos exactamente com as mesmas letras.
Nenhuma mais, nenhuma menos. Não resta nenhuma letra. Façam o teste no papel e vão cortando as letras de uma e outra palavra. Irão averiguar que é verídico.
Tem que haver alguma explicação para isso.
Será que a explicação é a de que, na nossa vida, basta organizar o nosso sentido, ordenando convenientemente as letras, para alcançarmos o destino que pretendemos?
Ou significa que seja qual for o nosso sentido, o nosso destino estará sempre implícito, imutável?
Ou não significa nada e pronto?

A ordem das letras

Nos últimos tempos o meu querido blog tem estado num estado de dor.
É ver as últimas postagens que são críticas, reivindicativas e pessimistas. Tirando o post do meu lindo Internacional de Porto Alegre.
Por isso, cabe a mim tentar dar uma encerada aqui e levantar a cabeça, enchendo de optimismo todos os recantos desta Aldeia Blogal.
No fundo vamos trocar a ordem das letras “R” e “G” nestas bandas.
Vamos trocar a aleRGia pela aleGRia.
Esta história de alterar a ordem das letras dá pano para mangas, aliás.
Imaginem que estamos nós numa festa, conversando muito bem dispostos, com a sogra do cunhado do genro do pai da noiva, imersos numa felicidade própria das ocasiões festivas, mesmo que a alegria seja apenas motivada pelo álcool.
Agora, pensemos nós que o destino apenas resolve alterar a ordem das letras “gr”, tornando-as em “rg”. O que nos poderá acontecer é que, durante uma conversa com uma das pessoas mais interessantes da festa, de repente, todo aquele delicioso camarão que comemos em dose quintuplicada irá transformar a nossa grande alegria num enorme ataque de alergia, tornando-se o nosso diálogo ameno numa indagação problemática e introspectiva, acerca da melhor maneira de resolvermos a situação de crise, sem darmos conhecimento aos anfitriões e aos convidados relativamente ao nosso frágil estado.

Corrida

A fome que sentia de escrever num lugar que apenas me proporcionasse o encontro com a escrita era tanta, que hoje, dia 20 de Outubro de 2005, me desloquei ao Palácio das Galveias, no Campo Pequeno, à Biblioteca Municipal, exclusivamente para este efeito.
Mas, é óbvio que tanta fome, às vezes nos cega.
Assim, esqueci-me de trazer o alimentador do meu computador. Então, estou escrevendo só com a bateria do computador. Mais ou menos como um mergulhador que vai ao fundo do mar com um número limitado de litros de oxigénio e tem que tirar o máximo de fotografias, num mínimo espaço de tempo possível.
E a verdade é que se passa exactamente isso comigo.
Queria escrever muito mais do que escrevo habitualmente.
Porém, é óbvio que a vida não se compadece muito com a escrita. Estaríamos cheios de Shakespeares, Cervantes e Camões, se todos tivessem muito tempo para escrever.
Bom, então hoje é este o desafio. Escrever o máximo que puder, enquanto o meu querido “Aspire 1310” me deixar.

sábado, 8 de outubro de 2005

Quatrocentos. Sim, q-u-a-t-r-o-c-e-n-t-o-s.

Esta é a minha postagem (ou post) número 400.
É um número com alguma importância. Pelo menos é redondo.
Há que aproveitar a ocasião para festejar de alguma maneira, pois a próxima festa só virá na postagem 500.
Vou aproveitar para fazer algumas sugestões, que obtive como resultado numa pesquisa que fiz no Google.
Uma sugestão de divertimento nocturno:
400 Bar
Um meio de transporte:

Uma opção idealista:
26/09/2005 - 09h22
400 filiados deixam PT e aderem ao PSOL
FLÁVIA MARREIRO
da Folha de S.Paulo
Em repúdio à crise, à política econômica e aos resultados da eleição interna do PT, um grupo de 400 petistas - representantes de movimentos sociais de todo o país, a maioria sindicalistas -, realizaram ato ontem em São Paulo para se desfiliar do partido e ingressar no PSOL.
Um Departamento de Protecção:

Um filme:


de François Truffaut.
Uma postagem num blog:
Quatrocentos. Sim, q-u-a-t-r-o-c-e-n-t-o-s.

Deixem o Mantorras jogar!

Aconteceu!
Angola está na Copa do Mundo da Alemanha de 2006!
Venceram a equipe do Ruanda, por 1-0, com um golo do ex-benfiquista Akwá, e assim asseguraram o primeiro lugar no seu grupo e a sua primeira participação numa Copa.
De repente, todos se esquecem dos partidos, das guerras, das tribos, da violência, e se unem, enquanto puxam pelo onze angolano. Que bom é quando o futebol serve para algo que supera o simples facto de estar se chutando uma bola de um lado para o outro.
Era tão bom que, depois dos angolanos torcerem juntos por sua equipe na Copa do Mundo, jogassem para trás das costas tudo o que já passou e trabalhassem juntos para a construção de um país que é tão maior do que uma simples participação num Mundial.
Bom, agora só posso dizer o seguinte: Deixem o Mantorras jogar!

O outro lado da moeda

Clique no seguinte link e tenha acesso a uma breve e fantástica síntese sobre as diferenças sociais no Mundo:
O outro lado da moeda esta enferrujando
É inacreditável o estado em que deixamos isto chegar.
* descobri este site através do blog Parerga e Paraleponemas

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Todos iguais, todos iguais

Não me venham enganar com a frase aquela que diz: "todos diferentes, todos iguais".
Não venham com conversa, não queiram confundir-me.
Não me incomodem com palavras vazias. Não queiram me chamar de burro, indirectamente.
A verdade é que não há qualquer diferença relevante.
A verdade é que as diferenças são meramente convencionais.
São categorias criadas intencionalmente para inventar diferenças que não existem.
Preconceitos, criados de raiz.
Já temos preconceitos de sobra, não precisamos criar o preconceito de que os seres humanos são diferentes entre si.
Já temos tantas diferenças!
Temos cores diferentes, temos nacionalidades diferentes, temos línguas diferentes, temos as nossas condições sociais e económicas diferentes.
Temos adereços diferentes, na nossa una condição humana.
E como somos todos seres humanos, todos merecemos uma maneira humana de sermos tratados.
Por isso, me desculpem, mas não somos "todos diferentes, todos iguais".
Somos sim "todos iguais, todos iguais"

Crash

Deixei-o quase escapar dos cinemas, sem o ver.
Mas vi.
Um filme excelente, sobre todos os nossos preconceitos. Sobre a nossa sociedade doente, que não sabe lidar com a sua própria composição, una em seres humanos.
Filme obrigatório:
Crash (Colisão, em Portugal)

No cinecartaz do Público, a caracterização do filme é a seguinte:
Uma dona de casa e o marido advogado. Um persa que é dono de uma loja. Dois polícias que são também amantes. Um director de televisão afro-americano e a sua mulher. Um mexicano serralheiro. Dois ladrões de automóveis. Um polícia recruta. Um casal coreano de meia-idade... Todos vivem em Los Angeles e, durante 36 horas, vão entrar em colisão. Depois do 11 de Setembro, "Colisão" olha de forma provocadora para as complexidades da tolerância racial na América contemporânea.

Votar o nosso esquecimento

A 4 dias das eleições autárquicas (para a Junta de Freguesia e Câmara Municipal), não há nada que saber.
A receita é tentar votar à esquerda, em pessoas competentes, que consigam saber distinguir o que é seu e o que é de todos.
Tarefa árdua, nos dias que correm. Aliás, é uma dificuldade milenar. Provavelmente inerente à natureza humana.
Ainda mais difícil é acreditar nas intenções.
Actualmente, o eleitor tem de ser uma entidade sobrenatural que consegue vislumbrar o que está para além dos discursos, promessas, planos de actividades e projectos dos candidatos.
Isto porque já se sabe à partida que nada do que se diz será efectivamente cumprido.
O exercício da democracia é apenas uma fachada, onde cada um de nós, legitima, através do voto, o nosso próprio esquecimento.
E o esquecimento dos governantes também, que sofrem de uma crise aguda de amnésia, assim que tem oportunidade de colocar em prática o que tanto pretendiam, esquecendo-se também das soluções fantáticas que tinham para todos os problemas.
Ponderei muito e ainda não é nestas eleições que irei votar em branco.
Mas quero deixar uma mensagem de descontentamento, que sei que a maioria dos eleitores sentem.
Quem se eleja, por favor, não ponha as promessas na gaveta e não volte às costas a quem o apoiou e à comunidade.
Não pensem os políticos que esta situação de mentira é sustentável a longo prazo, porque não é!
As pessoas não são tão burras como vocês pensam!

terça-feira, 4 de outubro de 2005

Força colorada devidamente reconhecida

O baixo astral estava tão grande aqui no blog, que tive de reagir da maneira devida: voltar-me para o futebol!
Atentem ao sensacional Internacional de Porto Alegre, rolo compressor dos pampas, em 20º do ranking mundial!
E olhem vocês ali lagartos, em 17º! Estão bem, hein?
Notícia colhida no (na?) Terra.
Segunda, 3 de outubro de 2005, 07h10
Atualizada às 08h16
São Paulo é 7º e Inter vira 20º em ranking mundial
O São Paulo, atual campeão da Copa Libertadores, aparece em sétimo lugar e é a melhor equipe brasileira no ranking mundial da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS). O time paulista, que na última lista era o oitavo, tem agora 244 pontos.
O Inter, que até o início da rodada deste final de semana era o líder do Campeonato Brasileiro, saltou de 26º para 20º, com 201. O Santos é o 22º, com 196.
A liderança do ranking ainda é da Inter de Milão, com 310, seguido de Liverpool, com 290, e Milan, 267. O milionário Real Madrid é apenas o 32º, com 180.
Veja os 20 primeiros e os melhores brasileiros:
1. Inter de Milão (Itália) - 310 pontos
2. Liverpool (Inglaterra) - 290
3. Milan (Itália) - 267
4. Bayern de Munique (Alemanha) - 263
5. Manchester United (Inglaterra) - 257
6. CSKA Moscou (Rússia) - 245,5
7. São Paulo (Brasil) - 244
8. Olympique Lyonnais (França) - 241
9. Auxerre (França) - 236
10. Arsenal (Inglaterra) - 235
11. PSV Eindhoven (Holanda) - 234
11. Boca Juniors (Argentina) - 234
13. Villarreal (Espanha) - 229
14. Chelsea (Inglaterra) - 227
15. Juventus (Itália) - 222
16. Newcastle (Inglaterra - 219
17. Sporting ( Portugal ) - 215,5
18. Mônaco (França) - 215
19. Alkmaar (Holanda) - 213,5
20. Internacional (Brasil) - 201
22. Santos (Brasil) - 196
38. Fluminense (Brasil) - 173
39. Atlético-PR (Brasil) - 172
44. Palmeiras (Brasil) - 162
52. Cruzeiro (Brasil) - 150
63. Corinthians (Brasil) - 143

domingo, 2 de outubro de 2005

Coitados dos gansos, nas mãos dos humanos!



Tem bom aspecto, não é?
Mas imaginem que nos metiam o paté garganta abaixo, mesmo quando já estivessemos fartos de comer.














Falando em consumo responsável, um produto que deve ser definitivamente arredado de nossas mesas é o Paté de Fígado de Ganso, o Foie Gras.
Não preciso explicar como é produzido este produto. Apenas aconselho que leiam o que está escrito em vários artigos que se encontram na internet.
Sugiro dois sites:
http://www.vegetarianismo.com.br/artigos/ganso.htm e http://www.pea.org.br/crueldade/abatedouro/pate.htm
Abundam as denúncias sobre estas práticas escandalosas. No motor de busca que escolherem, experimentem colocar foie gras tortura e vão ver a enorme quantidade de sites que surgem no ecrã. Afinal "Foie Gras" e "Tortura" tem uma relação mais próxima do que muitos imaginam.
Consumirmos produtos que são produzidos através da exploração inadmissível de animais e pessoas, é pactuarmos com o modelo de sociedade que estes produtores defendem!
Não podemos nos dizer humanistas e consumir produtos fabricados com sofrimento e exploração em larga escala.
Basta!

Save the sheep!












Já tinha ouvido falar na crueldade com que alguns vendedores de lã australianos (mal) tratam as ovelhas. E também já tinha lido uma informação sobre a United Cruelty of Benetton, que comprava lã a tais produtores. Aliás, o caso é tão conhecido, que vão ver o número de vezes que a expressão aparece no Google. A Benetton, em virtude dos protestos, deu meia volta e começou a comprar lã de produtores responsáveis.
Quando visitei o site Save the sheep (salvem as ovelhas) fiquei alarmado e chocado. O vídeo que retrata a vida e a morte dos pobres animais é um autêntico filme de terror. A realidade ultrapassa a ficção em larga escala.
Para terem só uma pequena noção, os pobres animais são mutilados em vida. E de todas as maneiras são torturados de uma forma manifestamente inadmissível.
Ora, uma sociedade que se quer parecer civilizada, não pode incentivar a tortura e maus tratos em animais. É certo que não sabemos o que comemos e o que vestimos, mas neste caso o malfeitor está bem identificado.
Recomendo que visitem o site supra referido, se quiserem compreender o que se passa.
Cada vez mais o consumo responsável tem de vingar no mundo. A sociedade tem de dar resposta para quem, através de práticas inadmissíveis, tem o descaramento de produzir qualquer produto ou de prestar qualquer serviço.
É preciso atirar para a falência quem não compreende ou não quer compreender o mal que inflinge.
O que é mais lamentável é que tenha de ser sempre a sociedade civil, e nunca os governos, que tenha, sempre, de dar o primeiro passo.
Não podemos desistir. A acção é necessária.