quinta-feira, 23 de junho de 2005

Arrastão V: Real Mente Racista

No Público de 20 de Junho de 2005, no Vox Populi, a pergunta era:
Concorda que tenha sido autorizada a manifestação de extrema-direita de Sábado?
Então, levantou-se a voz de Maria Corte-Real, de 68 anos, ex-locutora, que disse:
Concordei. Não deviam estar cá tantos brasileiros nem tantos africanos. A criminalidade aumenta por causa deles.

Arrastão IV: Manifestação da Extrema Direita

A "semana do arrastão" culminou numa manifestação contra a criminalidade ("marcha racista" era um nome que não ficava aqui mal).
E, bem vistas as coisas, até foi bom conhecer a argamassa da extrema direita. Foi bom verificar todas as fragilidades que se encerram no interior destas organizações.
A televisão e a rádio deram uma enorme importância à manifestação. Nas manifestações pelos direitos dos imigrantes nunca se viu tamanha cobertura. Ficamos a conhecer mais ou menos os patrióticos portugueses.
Um deles dizia quase tudo: "Somos portugueses há mais de 800 anos! Meu Bilhete de Identidade não foi comprado no Rossio!"; "Não sou racista não, tenho é orgulho na minha raça! Os pretos e os ciganos podem dizer que têm orgulho na sua raça, eu não posso porque me chamam logo de racista!". Uma frase muito interessante também: "Os portugueses são mortos todos os dias na África do Sul!".
Coitadinhas das alminhas que se manifestaram.
Autistas, não compreendem o mundo que os envolve. Não compreendem que tem uma batalha perdida pela frente. Não percebem a sua própria estupidez e ignorância.
Não entendem que as suas palavras são fruto da sua própria frustração. São tão maus que se sentem ameaçados, pelo simples facto de uma pessoa ser diferente.
Aliás, se há coisa que me intriga é que esta gente gosta de referir que existem pessoas que são inferiores apenas pelo seu aspecto exterior e, ao mesmo tempo, sentem-se ameaçadas pelos inferiores. Expliquem-me! Queriam estar a trabalhar no lugar onde trabalham estas pessoas?
A manifestação foi boa por isso. Pôs a nu a profunda ignorância dos seus elementos.
Ficamos todos a pensar se são aqueles indivíduos calvos, de cabeça raspada, brutos e ignorantes que querem monopolizar a herança genética portuguesa.
Trememos com tais divagações.

Arrastão III: os racistas se organizaram

Também a propósito do arrastão, um grupo de delinquentes resolveram se manifestar: os racistas (ou lá o que é isso, já que o conceito de raças não existe, como demonstra um estudo científico que o ACIME divulgou há uns tempos atrás, e que eu vim chamar a atenção, num post que se chama "racismo: a dupla ignorância".
Os indivíduos que pretendiam manifestar-se diziam que iam efectuar uma "manifestação contra a criminalidade". Porém, um dos lemas da manifestação era "imigração = criminalidade". Pergunto-me se isso já não bastava para o Governo Civil de Lisboa ter impedido os mesmos de se manifestarem, visto que nenhuma causa justa motivava a manifestação.
Aliás, Gomes Canotilho, constitucionalista, referiu que tal concentração não devia ser permitida por na sua origem estarem associações que veiculam mensagens que atentam contra a Constituição da República Portuguesa.
Pela minha parte, acho importante lembrar o alarme social que esta manifestação criou, sendo que, além de ter cariz racista e xenófobo, a localização geográfica da mesma era evidentemente voltada para confrontar os imigrantes. O sítio escolhido era o Martim Moniz e os manifestantes iriam (e foram) até ao Rossio.
O motivo para a escolha deste local foi desde logo esclarecido por estes cidadãos: nestas praças encontra-se um nicho de crime e de imigração, o que, na cabeça deles, calva, tem relação directa.
Além disso, pensei eu outro dia, está ali a Ordem dos Advogados, o que poderá ser um elemento importante, para que estes indivíduos racistas tenham alguém que os defenda, na altura que forem acusados formalmente pelas autoridades, pelos crimes de racismo e xenofobia.
Acontece que, apesar de toda esta preocupação, o certo é que a manifestação aconteceu.

Arrastão II: humor

Ocorreu outro fenómeno interessante durante a semana.
De repente, deu um apagão na forma de fazer humor.
Tudo tinha de estar relacionado com o arrastão e a subtileza das piadas acabou.
Ouvi, na quinta feira seguinte ao arrastão, o Bispo Tadeu, dos cromos da TSF, fazer uns versinhos para as marchas populares que dizia "levar uma cacetada dum preto" ou uma coisa deste tipo, falando num "preto".
Na sexta feira, foi outro cromo da TSF, a Pureza, que contava que tinha sido levada para a Cova da Moura, no dia do arrastão, por um caboverdeano que lhe dava imensos presentes: todos os dias dava telemóveis e até um carro lhe deu de presente.
Péssimo gosto. Péssimo exemplo.
Deixei de ouvir os cromos, tirando o único bom, que é o José Pedro Gomes.

Arrastão I: links importantes

O arrastão em Carcavelos que a comunicação social inventou para dar um pouco de brilho ao dia 10 de Junho, dia de Portugal, é uma lástima.
Maior lástima foi tentar relacionar este acontecimento com a origem étnica das pessoas.
Aliás, parece que não há mesmo dúvidas de que houve um empolamento invulgar da situação.
O Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME), felizmente, no seu site denunciou a situação e tem tentado esclarecer as pessoas de que:
1) Não houve arrastão nenhum;
2) Não foram praticados crimes por tantas pessoas como se dizia.
Ainda há que se louvar o comunicado da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), que também está publicado no site do ACIME.
Links importantes, de leitura obrigatória:
Carcavelos: a verdadeira história de um arrastão que nunca existiu
Posição da CICDR

Desordem no Tribunal

Recebi o seguinte e-mail (parece que ando numa fase de publicação de correio electrónico).
É engraçado:
Dizem que "Aconteceu num Tribunal".
Estas são piadas retiradas do livro "Desordem no tribunal".
São coisas que as pessoas realmente disseram, e que foram transcritas textualmente pelos taquígrafos, que tiveram que permanecer calmos enquanto estes diálogos realmente aconteciam à sua frente e à frente do juiz.
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Pergunta: Qual é a data do seu aniversário ?
Resposta: 15 de julho.
P: De que ano ?
R: Todo ano.
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P: Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória ?
R: Sim.
P: E de que modo ela afeta sua memória?
R: Eu esqueço das coisas.
P: Você esquece ... Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido ?
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P: Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto ?
R: Sim, foi.
P: E o que você estava fazendo nesse dia ?
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P: Ela tinha 3 filhos, certo ?
R: Certo.
P: Quantos eram meninos ?
R: Nenhum
P: E quantas eram meninas ?
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P: Doutor, quantas autópsias o senhor já realizou em
pessoas mortas ?
R: Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas.
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- Aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, ok ?
P: Que escola você freqüenta ?
R: Oral.
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P: Doutor, o senhor se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vítima?
R: Sim, a autópsia começou às 20:30h.
P: E o Sr. Décio já estava morto a essa hora ?
R: Não ... Ele estava sentado na maca, se perguntando porque eu estava fazendo aquela autópsia nele ...
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Essa é a melhor ...
P: Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima ?
R: Não.
P: O senhor checou a pressão arterial ?
R: Não.
P: O senhor checou a respiração?
R: Não.
P: Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou ?
R: Não.
P: Como o senhor pode ter essa certeza ?
R: Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.
P: Mas ele poderia estar vivo mesmo assim ?
R: Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito.

terça-feira, 21 de junho de 2005

As duas virtudes

Recebi este e-mail, escrito em galego normativo.
Não desistam de ler, porque dá para entender o galego, que é igualzinho ao português (se é que se pode estabelecer uma comparação deste tipo) e apenas por motivos políticos é que não escrevemos todos da mesma maneira.
A piada é excelente:
Dise que cando Deus creou o mundo, para que os homes e mulleres prosperasen, decidiu concederlles dúas virtudes.
Así fixo:
* Ós/ás suizos/as fíxoos ordenados e cumplidores da Lei.
* Ós/ás ingleses/as fíxoos persistentes e estudosos.
* Ós/ás xaponeses/as fíxoos traballadores e pacientes.
* Ós/ás italianos/as alegres e románticos.
* Ós/ás franceses/as fíxoos cultos e refinados.
E cando chegou ós/ás galegos, volveuse hacia o anxo que tomaba nota e díxolle :
"Os galegos e galegas van a ser intelixentes, boas persoas e do Partido Popular".
Cando acabou de crear o mundo, o anxo díxolle a Deus "Señor, déchelle a tódolos pobos dúas virtudes e ós galegos tres. Isto fará que prevalezan sobre tódolos demais".
"Pois é verdade, ben como as virtudes divinas non se poden quitar, que os galegos a partir de agora teñan tres, pero a misma persoa non poderá ter máis de dúas virtudes á vez".
Así:
* O galego que é do Partido Popular e boa persoa, non pode ser intelixente.
* O que é intelixente e do Partido Popular, non pode ser boa persoa.
* E o que é intelixente e boa persoa, non pode ser do Partido Popular.

Álvaro Cunhal

A morte de Álvaro Cunhal marca os acontecimentos dos últimos dias, sem dúvida.
Álvaro já faleceu há mais de uma semana, no dia 13 de Junho de 2005.
A TSF escreveu o seguinte:
PCP
Morreu Álvaro Cunhal
Álvaro Cunhal faleceu esta segunda-feira de madrugada, aos 91 anos. A morte do líder histórico dos comunistas, que liderou o seu partido de 1961 a 1992, foi anunciada pelo PCP «com profunda mágoa e emoção».
( 10:02 / 13 de Junho 05 )
O antigo líder do PCP, Álvaro Cunhal, morreu esta segunda-feira de madrugada aos 91 anos, numa altura em que já há muito se encontrava afastado de qualquer acto público.
Cunhal liderou o Partido Comunista de 1961 a 1992, tendo passado 11 anos na prisão, tendo ficado conhecido pela fuga espectacular do Forte de Peniche a 3 de Janeiro de 1960.
O Comité Central do PCP lamentou a morte do seu antigo líder «com profunda mágoa e emoção», sublinhando que «os trabalhadores e o povo português perdem um dos seus mais consequentes e abnegados lutadores».
Em comunicado, o Comité Central acrescenta que a melhor maneira de homenagear Cunhal é a de «prosseguir a luta que ele travou até aos últimos dias de vida, sempre com confiança no futuro, pelos interesses e direitos dos trabalhadores, por uma sociedade de liberdade e democracia».
O PCP fez ainda questão de notar a importância de Álvaro Cunhal na política portuguesa do séc. XX «na resistência antifascista pela liberdade e a democracia, nas transformações revolucionárias de Abril e em sua defesa por uma sociedade livre da exploração e da opressão, a sociedade socialista».
Álvaro Barreirinhas Cunhal nasceu a 10 de Novembro de 1913 tendo, 17 anos depois, decidido que queria ser comunista.
Filiou-se no PCP em 1931, cinco anos mais tarde entrou para o Comité Central do partido, tendo sido preso pela primeira vez em 1937 no Aljube e em Peniche.
Em 1940, foi escoltado pela polícia até à Faculdade onde apresentou uma tese sobre o aborto e a sua despenalização a qual foi classificada com 19 valores.
No ano seguinte, passou à clandestinidade, tendo em 1947 posto novamente o partido de pé. Em 1949, é preso sendo então condenado a quatro anos de prisão a que se seguirão oito anos de degredo.
Depois da fuga da prisão de Peniche, é eleito secretário-geral do partido. Em 1964 publicou «Rumo à Vitória», cujas teses perduram no núcleo duro do PCP.
Regressou a Portugal cinco dias após o 25 de Abril, tendo sido eleito como deputado entre 1975 e 1992. Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando este posto dez anos depois quando saiu da liderança do PCP.
Para além da sua vida, que se confundiu com o PCP, Álvaro Cunhal notabilizou-se ainda pelos desenhos que fez na prisão, bem como pela sua obra literária, quase toda sob o pseudónimo de Manuel Tiago.
Sob este pseudónimo, escreveu entre outros «Até Amanhã Camaradas», «Cinco Dias e Cinco Noites», «Estela de Seis Pontas» e «A Casa de Eulália».
A TSF além disso, efectuou um belo dossier sobre a vida de Cunhal, que recomendo:
http://www.tsf.pt/online/portugal/dossiers/Cunhal_90anos/default.asp

Alheio

Tantas coisas aconteceram nos últimos dias.
Mas o meu blog continua a fingir-se alheio ao mundo.
Vou tentar dar uma actualizada, se me esbanjar o tempo e surgir inspiração.

segunda-feira, 13 de junho de 2005

A espera de Adriano

Estou gostando muito de ler as "Memórias de Adriano", de Marguerite Yourcenar.
Fico pensando, à medida que as páginas vão passando, quem influenciou quem, o que é de Marguerite e o que é de Adriano.
Certo, porém, é que neste livro os dois são uma unidade indistinta. Completam-se e confundem-se um no outro.
Sem Adriano, Marguerite não teria um Imperador genial, culto e humanizado para dar vida e discurso.
Sem Marguerite, Adriano não teria uma genial, culta e humanizada escritora para lhe dar voz.
Terá Adriano, ao encontrar Marguerite, recém chegada ao céu em 1987, agradecido o seu brilhante trabalho?
Provavelmente sim, tal como Marguerite terá agradecido a Adriano o facto de ter existido e ter sido uma tão distinta personagem para fazer reviver.
Quase pode se dizer que as "Memórias de Adriano" sintetizam um passeio de mãos dadas, entre Adriano e Marguerite, rumo à imortalidade.

Fraquezas

"Os seres humanos confessam estupidamente as suas piores fraquezas quando se espantam de que um senhor do mundo não seja indolente, presunçoso ou cruel."
in Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar

Voz e gestos

"A palavra escrita ensinou-me a escutar a voz humana, assim como as grandes atitudes imóveis das estátuas me ensinaram a apreciar os gestos. Em contrapartida, e posteriormente, a vida fez-me compreender os livros.
Mas estes mentem, ainda os mais sinceros."
in Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar

domingo, 12 de junho de 2005

Greve e exílio

Estava quase saindo de casa, com pena de não escrever nada, neste fim de semana emoldurado de feriados, conjugação que parece ser uma amostra do paraíso na Terra.
Fui pegar uns ténis que não usava muito, no fundo da minha sapateira dentro do armário. E quando fui calçar o pé esquerdo, descobri 4 habitantes.
Não, não são baratas ou camundongos. Se os há no meu quarto, ainda não descobri o esconderijo. Nos meus ténis encontravam-se 3 amostras de perfumes:
Uma era de Tuscany, outra de Herrera "for men" e a terceira era de Classic, do Boticário.
O quarto habitante estava ali para explicar tudo. Era um pino que se usava para segurar as prateleiras do meu armário.
É, este pino criminoso encontrava-se escondido por um bom motivo. Ele e a sua quadrilha foram os responsáveis por um cataclismo que ocorreu no meu armário, que viu todas as suas prateleiras cairem sobre si mesmas, por causa de uma greve dos pinos.
Basicamente o que os pinos reivindicavam era: menos roupa para segurarem; prateleiras mais largas, para poderem agarrá-las com mais segurança; e mais pinos, pois alguns já haviam desertado pela falta de condições.
Perante a violência na forma de quererem se fazer ouvir, actuei com firmeza e como um neo-liberalista: despedi-os a todos e contratei trabalhadores não especializados. Substitui os pinos por pregos, que fazem o trabalho com segurança e não me exigem nada.
Quanto a este pobre pino foragido e ladrão, que não demonstrou arrependimento pelo furto dos perfumes (que conduta tão repreensível! aproveitar uma greve para dedicar-se ao furto!), a pena é de exílio e encaminhamento para a lixeira pública.

terça-feira, 7 de junho de 2005

Pilares II

Outra coisa que é inacreditável, é o facto de se fazer uma revisão constitucional com o objectivo de passar a ser possível referendar o Tratado ao mesmo tempo em que se efectuam as eleições autárquicas.
A lógica não é ao contrário?
A Constituição não é o garante de determinadas regras?
Uma revisão constitucional nos termos em que a última foi feita, não é um desrespeito à lógica constitucional?
Acho que todos sabemos as respostas a estas perguntas.
Qualquer dia, já não será preciso haver Constituição.
Actualmente, tal instrumento não se consubstancia num conjunto de garantias e de regras que permitem um certo equilíbrio institucional, num estado de direito. Passou a representar pura e simplesmente um conjunto de obstáculos a tornear, não se negando o recurso à destruição dos comandos constitucionais, para que se atinjam os fins desejados por quem tem capacidade de os esmigalhar.

Pilares

É interessante constatar que muitos dos apoiantes do "Sim" ao Tratado Europeu, são os mesmos que acham que ele deve ser votado juntamente com as eleições autárquicas.
Será para não haver debate e para que as pessoas sigam as orientações dos partidos em matéria de política europeia?
Serão mesmo pilares da União, o défice democrático e a desinformação?
Haverá uma Europa para as pessoas?

sexta-feira, 3 de junho de 2005

Freitas não concorda com Cavaco

Na TSF
( 23:53 / 02 de Junho 05 )
O chefe da diplomacia portuguesa disse, em entrevista à RTP, discordar do ex-primeiro ministro Cavaco Silva, que hoje propôs o congelamento da ratificação do Tratado da Constituição europeia por um prazo de dois anos. Freitas do Amaral considera que dois anos é muito tempo de «incerteza» e muito tempo «sem saber» se o Tratado constitucional «vai para a frente ou não».

Cavaco defende o adiamento dos referendos

Na TSF
Cavaco Silva considera que o referendo ao Tratado Constitucional Europeu deve ser adiado, em Portugal e em todos os países da União Europeia que têm agendada uma consulta popular sobre a ratificação do documento.
( 21:53 / 02 de Junho 05 )
Em declarações à Radio Renascença, o antigo chefe de Governo defendeu «uma pausa» para reflexão depois das recusas da França e da Holanda.
«Neste momento talvez seja melhor os líderes europeus fazerem uma pausa e pararem para reflectir. Prosseguir com os referendos tem um elevado risco e pode fragilizar ainda mais o projecto da União Europeia», afirmou o ex-primeiro-ministro.
«O eleitorado começa a ficar desmotivado, e começar a pensar que o seu voto não serve para nada».
Ao arrepio do que defende o Governo e o PSD, Cavaco Silva considera que o referendo deve ser adiado por dois anos. Nessa pausa, os líderes europeus devem aproveitar para dar resposta às duvidas dos cidadãos.

Não e não!

O povo francês começou a sublevação e a Holanda acompanhou uma semana depois.
Nestes 2 países, a vitória do "Não" no referendo à Constituição Europeia lançou o pânico nas hostes apoiantes desta Constituição.
Que bom.
Assim pode ser que comecem a pensar.