Já que estamos falando de eleições.
Receita de Comício
Por Jessier Quirino, cantador da Paraíba
Prá se fazer um comício em tempo de eleição
Num carece de arrodeio nem muito dinheiro não:
Basta uma F-4000 ou qualquer meio caminhão empalado em beco estreito
E um bandeirado mal-feito cruzando dez posição.
Um locutor tabacudo de conversero comprido,
Uns alto-falante rouco que espalha o alarido,
Microfone com a flanela ou vermelha ou amarela, conforme a cor do partido.
Uma gambiarra velha, banguela no acender, quatro faixas de bramante escrita qualquer dizer, dois piston e um taró.
Pode até ficar melhor uma torcida pra torcer.
Aí é subir pra riba meia dúzia de corru[p]to, quatro babão, cinco puta, uns oito capanga bruto e a chunha na promessa.
E a pisadinha é essa: 3 promessa por minuto!
Anunciar a chegada do corruto ganhador, pedir o V da vitória do dedo dos eleitor, e manda que os vira-lata, do bojo da passeata, traga o home no andor.
Protegendo o monossílabo de dedada e beliscão, a cavalo na cacunda, chega o dono da eleição. Faz boca de fecho éclair, e nesse qüé-ré-qüé-qüé, vez por outra um foguetão, com voz de vento encanado, com o viva dos babão, é só dizer que é mentira sua fama de ladrão; falar do roubo dos home, prometer o fim da fome, e tá ganha a eleição!
E, terminada a campanha, faturada a votação, foda-se o povo, piston, foda-se caminhão, promessa, meta, programa, é só mergulhar nas Brahma e curtir a posição!
Sendo um cabra dispachudo de politiquice quente, baterdorzão de carteira, vigaristão competente, é só mandar pros otário a foto no calendário, bem família e bem decente!
Ele, um diabo sério e honrado, ela, uma diaba influente, bem vestido, bem posado, até parecendo gente...
Carregando a tiracolo, sem pose e sem protocolo, um diabozinho inocente...
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