quinta-feira, 15 de julho de 2004

Medicina preventiva

Cerveja previne enfartes cardíacos e não engorda, diz especialista

Fátima Moura da Silva

A cerveja, consumida regular e moderadamente, ajuda a proteger contra as doenças cardíacas e não é responsável pela famosa barriga que normalmente lhe é associada, revelam dois estudos conduzidos pelo especialista britânico Martin Bobak, divulgados esta quarta-feira em Lisboa.

Os estudos, realizados por uma equipa de investigadores do departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College de Londres e publicados no British Medical Journal e no European Journal of Clinical Nutrition, revelam que mesmo os consumidores moderados com antecedentes de doença cardíaca têm menos probabilidades de sofrer um enfarte que os abstémios,
A investigação mostra que o risco de doença cardíaca «é significativamente menor» para aqueles que bebem álcool moderadamente do que para os que não consomem bebidas alcoólicas, disse o especialista, alertando, todavia, que a partir de um nível mais elevado de consumo o efectivo preventivo do álcool deixa de se manifestar e passa a implicar malefícios a outros níveis.

Bobak, que dirigiu o estudo na República Checa, onde o consumo de cerveja é generalizado, analisou um universo de indivíduos entre os 45 e os 64 anos, o segmento etário com mais probabilidades de ocorrência de enfarte de miocárdio.

Os ressultados mostram que a probabilidade de enfarte diminui à medida que o consumo de cerveja aumenta até uma cerveja por dia, mas quando o consumo médio é de duas cervejas diárias o risco de enfarte é quase tão grande como entre as pessoas que não consomem cerveja.

Bobak atribui a protecção em relação aos enfartes de miocárdio ao próprio etanol (álcool) e não a outros elementos existentes na cerveja.

Um outro estudo conduzido por Bobak na República Checa revela que não há relação entre o consumo de cerveja – uma cerveja tem 45 calorias - e a obesidade, sendo que no caso das mulheres bebedoras de cerveja até se notam valores de obesidade inferiores aos das abstémicas. No entanto, o especialista preferiu não relacionar um factor com o outro, sublinhando serem necessários estudos mais aprofundados.

Bobak argumenta que a famosa «barriga de cerveja» é devida à ingestão de determinado tipo de alimentos como salgadinhos, batatas fritas e outros e não à cerveja propriamente dita, tudo associado a um estilo de vida sedentário.

Na sessão de divulgação dos estudos esteve presente Manuel Rocha de Melo, da Faculdade de Ciências da Alimentação e Nutrição da Faculdade do Porto, que apresentou um outro trabalho concluindo que a cerveja, se consumida de forma moderada, constitui «um óptimo complemento numa dieta saudável».

A cerveja, constituída por água, malte de cevada, outros cereais (maltados ou não) e lúpulo contém mais de 400 compostos que contribuem para a diminuição de incidência de doenças coronárias, prevenção de diabetes do tipo 2 ao reduzir os níveis de insulina e diminuição da incidência do cancro do colon e da diverticuloso, ao possuir quantidades consideráveis de fibra solúvel, disse.

Rocha de Melo apontou ainda um dos grandes benefícios da cerveja, a provenção da osteoporose, ao ser o alimento que contém maiores quantidades de silício, associado ao aumento da densidade mineral óssea.

No entanto advertiu também para a necessidade de moderação no consumo, a qual situou nos homens em meio litro por dia, enquanto nas mulheres o limite baixa para um quarto de litro/dia.

14-07-2004 14:42:31

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