segunda-feira, 9 de maio de 2011

No outro século

Lembrei-me outro dia de como as viagens a Rondinha pareciam que não iam terminar. De como aquela experiência parecia que ia se repetir vezes a fio. De como era tudo infinito. Lembro também de uma t-shirt minha, esmigalhada de tão amassada que estava, pela maneira como eu a tinha colocado na mochila. Eu estava aprendendo a tocar, na minha Admira (que custou 23 mil escudos), o Ervin com a sua Dolphin, super legal (e ponte floyd rose), e o Titê tocando um monte (mas literalmente um monte) de músicas, incluindo uns Djavans e ainda Jorge Ben. E tinha umas 3 dele, Titê, bem boas. Era bom. Até o vinho terrível do garrafão de 5 litros valia a pena, mesmo com a ressaca garantida do dia seguinte. Tinha um carinha que andava por lá também, amigo deles, que tinha uma banda. Comentou que gostava de fazer power chords, com eles conseguimos tocar quase tudo.
Naquele tempo eu tocava na acústica umas introduções de AC/DC, Nirvana, Pixies, Pearl Jam, tentava tocar a introdução de Sweet Child Of Mine e tinha músicas com o Miguel: eramos os Irados. Música "apunkalhada". Muito divertido. Depois comecei a tocar mais a sério no ACM e o Miguel parou de tocar e nunca mais nos vimos. Sei que ele estudou arquitectura e anda pela Itália. Mas o Miguel estava em Lisboa, não em Rondinha.
De tudo aconteceu nas minhas férias em Rondinha. Até um pinguinzinho convivendo connosco (e que tentavamos convencer a que voltasse à sua rota todos os fins de tarde). Até ver uma baleia um pouquinho depois da zona de rebentação.
E eu ficava só uns poucos dias lá - não deviam passar de uns 4. E isso é pouco? - pergunto-me estes anos todos depois.
Voltei várias vezes mais a Rondinha, mas o patamar do precedente perfeito ficou sempre muito alto: eu, o Titê, o Ervin, os Djavans, o vinho horrível, a t-shirt amassada e o não saber tocar bem guitarra.

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