terça-feira, 12 de abril de 2011

Nobre

Nobre. Foi mandatário do BE ao Parlamento Europeu. Depois foi candidato à presidência, apoiado por Soares, que o lançou e ficou mais ou menos escondido. É giro que havia quem não soubesse disso. Fiquei espantado, na altura. Espantado que não soubessem, não que fosse candidato lançado fosse por quem fosse, da esquerda. Às vezes é preciso um empurrão.
Se num primeiro momento pareceu ser uma candidatura que constrangia sectores da esquerda, Nobre começou a constranger cedo demais aqueles que foram muito definitivos numa análise Alegre vs Nobre, escolhendo este último. Mas tudo bem, acredite se quiser. Jogo democrático, o número do independente da sociedade civil, isso tudo. Muita inconsistência e alguns episódios risíveis, que até se dão de barato (mas rir é bom). Havia ainda o apoio ao Estado Social, o discurso contra os deputados comprometidos com o sistema e as grandes frases.
Enfim e depois Nobre nos oferece o que se sabe. Abandona a esquerda (ou aqueles que achavam que ele era de esquerda, ou que não sabiam bem) e troca-se de armas e bagagens para a direita ultra-liberal, o PSD de Passos Coelho. E, se não é à troca de um cargo, ele pelo menos ao aceitá-lo está a escancarar a porta a essa interpretação. Talvez Nobre seja o novo Presidente da Assembleia da República. Passos Coelho já prometeu. Não é pouca coisa, não é conversa de café. É um cargão, bem institucional, prometido publicamente.
Bom, e depois do desencantamento da imagem de grande senhor da sociedade civil - que até nem era mau acreditar, era até razoável - fica aos olhos de todos que há limites para a independência e autonomia da sociedade civil face aos partidos - e que talvez esses limites tenham, pelo menos, a ver com projectos políticos coerentes entre si.
Por outro lado (acrescento depois de terminar o texto) pode ser que isso só tenha mesmo a ver com a palavra vaidade e ponto final.
Uma coisa boa nisso tudo é que parece que é o primeiro tiro no pé do PSD. Assim se espera. O de Nobre não é o primeiro.

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