sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Todos os fantasmas são ingleses?

Observou a maçaneta da porta, que se virava sozinha. Como em todas as últimas sextas-feiras ocorria, às 00:09 minutos abria-se a porta do estúdio em Montmartre, onde um baixo, um teclado, uma guitarra e uma bateria tocavam, sozinhos. Ele já não se lembrava do medo que sentiu a primeira vez que assistiu àquelas apresentações. A primeira música que ouviu foi the guitar song, canção que só dias mais tarde ele conheceria o nome, numas pautas pousadas em uma prateleira esquecida. Agora, simplesmente relaxava, puxava uma cadeira e sentava-se para ver e ouvir. Às vezes distraia-se e chegava com o concerto a meio, quando tocavam the distance speaks.
No único dia que trouxe amigos para presenciarem o espectáculo, os instrumentos permaneceram imóveis e calados, talvez ofendidos pelos comentários cépticos. Diziam "welcome ghosts", com um ar trocista que nunca permitiria empatia com nada. Logo que as pessoas saíram, ele ouviu pela primeira vez Dark Kellys. Teve a certeza de que não tinha sido boa ideia encher a casa de gente para vê-los a tocar.
Hoje, enquanto ouvia your hand in mine, fez o balanço de todas estas coisas boas que lhe haviam invadido a casa. Disse em voz alta para a música, ou fantasmas, ou instrumentos animados: "we called you ghost, you called us friend". Todos os fantasmas serão ingleses?, se indagou.
Daycast, Bombazine Black e Explosions in the Sky nas músicas: ambiente/experimental/rock.

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