quinta-feira, 13 de janeiro de 2005
17 anos
Hoje faz 17 anos que cheguei a Lisboa.
Cheguei pelas 11:00 horas da manhã.
Estava um frio de rachar, mais frio do que está hoje.
Das primeiras coisas que ouvi, quando cheguei, foi alguém dizendo que o Aeroporto estava todo em obras e que o dia que parassem as obras, significava que o Aeroporto ia fechar. Uma profecia que até hoje se cumpre.
Outra das coisas que me lembro foi na Alfândega, em que o funcionário nos perguntou se sabíamos qual era a melhor coisa do Brasil. E, em seguida, referiu que eram os brasileiros. Outros tempos, os que eu cheguei, não há dúvida.
O primeiro bairro no qual vivi foi Alcântara e aquele bairro assustou-me. Tudo tão diferente de Porto Alegre, tudo tão velho, as pessoas e os imóveis. Achei que Lisboa era uma velharia.
Lisboa, em 1988, era uma cidade muito diferente.
Alguns dias após a minha chegada, recordo-me de ter ido a Belém, com minha mãe e aí sim, a impressão começou a ser melhor. Conheci o Mosteiro dos Jerónimos e, já naquela altura, me dei conta que em Lisboa todos tem uma convivência com a história. Não teorizei desta maneira, claro, mas senti isso. O Mosteiro estava ali, parado (está, há 500 anos) e as pessoas não se dão conta de como ele encerra em si tanto! De quantas pessoas, de tantas gerações, ele conhece. Um sentimento novo que em Porto Alegre nunca sentiria, já que é uma cidade tão novinha.
Mais sensações novas certamente se seguiram, lembro que tive dificuldades de criar novamente um círculo de amigos (não porque seja tímido, mas porque os portugueses são diferentes dos brasileiros).
Mas depois acabei por me integrar bem.
Me integrei tão bem que me tornei num desintegrado de carteirinha: brasileiro para os portugueses, português para os brasileiros.
Penso que seja um bom sinal, apesar de ficar-se um pouco sem referências. Com dois amores, logo à partida, Lisboa e Porto Alegre. Porto Alegre que me viu nascer, Lisboa que me acolheu.
E a vinda, que era para ser por 4 anos, destinada ao fim único de minha mãe fazer a sua tese de Doutoramento, transformou-se numa estadia prolongada.
Para sempre?
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1 comentário:
...ah, então não és português? Interessante, vc fez o caminho inverso de nossos colonizadores, 'ora, pois, pois'...rs
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