segunda-feira, 29 de novembro de 2004

Balança, mas não cai

No Público:
Sampaio Vai Avaliar Condições de Santana para Governar
Segunda-feira, 29 de Novembro de 2004
A demissão de Henrique Chaves colocou o primeiro-ministro em xeque. O ministro do Desporto deixou carta de demissão em São Bento sem falar com Santana Lopes, a quem acusa de falta "de lealdade e de verdade
Ana Sá Lopes, Helena Pereira e Eunice Lourenço
O Presidente da República, Jorge Sampaio, chamou o primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, a Belém para avaliar a natureza e a extensão da crise desencadeada pela demissão de um dos homens de confiança do primeiro-ministro, Henrique Chaves. A reunião, que se inicia às 9h30, foi acertada ontem à noite entre Presidente e primeiro-ministro. Ontem à noite, Santana terá reunido com o seu núcleo duro, incluindo o ministro da Defesa e seu parceiro de coligação, Paulo Portas.
Neste momento, nenhum cenário para o desfecho da crise é excluído, incluindo o da dissolução parlamentar. A demissão de Henrique Chaves - e o teor violento do seu comunicado - vem colocar de novo em cima da mesa presidencial a avaliação das condições de governabilidade e da confiança e autoridade do primeiro-ministro.
No comunicado, divulgado ao início da tarde, o ministro demissionário acusa Santana de não lhe ter dado "oportunidade de exercer qualquer função ao nível da coordenação do Governo" como ministro-adjunto, diz que quis sair do Governo na quarta-feira, quando o primeiro-ministro lhe pediu para deixar de ser ministro-adjunto e revela não ter gostado de ter sido o último a saber da remodelação. Diz mesmo que Santana lhe mentiu, acusando-o de "grave inversão dos valores da lealdade e verdade".
As acusações de Chaves deixaram vários membros do Governo em estado de choque pela sua gravidade. O ex-ministro do Desporto é um santanista, desde que em 1994 se tornou amigo do actual primeiro-ministro. A saída de Chaves e a forma como o fez - em total ruptura política e pessoal com o primeiro-ministro (os dois não chegaram a falar) - foi considerada "inadmissível" no núcleo duro do Governo, que queria ontem resolver rapidamente a crise para evitar o prolongamento de uma nova discussão sobre a necessidade ou não de eleições antecipadas.

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