Era uma vez uma Aldeia.
Nesta aldeia todos queriam ser felizes. Mas nem todos tinham este direito.
Mas porquê?
Ninguém sabia ao certo. Apenas se sabia que alguns tinham muito e outros eram excluídos e não tinham nada.
Mas os recursos eram escassos?
Não, os recursos, se bem divididos, dariam para sustentar todos os habitantes da aldeia.
Ora, mas devia haver uma razão justa para esta disparidade. Provavelmente quem menos tinha é porque não trabalhava...
Infelizmente não. Havia, sem dúvida, quem trabalhasse mais e que merecia mais por isso. Mas havia quem tivesse mais porque tinha um estatuto que lhe permitia aceder a mais, pelo simples facto de ter nascido no berço certo.
E não havia ninguém que dividisse os bens ou que tivesse competência para equilibrar esta balança?
Claro que sim, havia um chefe que nomeava vários outros aldeões, que tinham a função de retirar uma parcela pequena dos mais abastados, para distribuir pelos carenciados.
Que bom que era assim! Que organizado...
O problema é que esta organização não distribuía e servia para justificar gastos que acabavam por se esgotar na manutenção do próprio sistema de partilhas. E assim jogava-se com os fundos de todos e não se resolvia problema nenhum.
E ainda, os que mais tinham, preferiam não contribuir para o bem comum, escondendo e guardando para seus luxos os mantimentos que poderiam servir a tantos. Assim julgavam estar a contribuir mais para as suas próprias vidas. Não se davam conta que o desenvolvimento da aldeia era o desenvolvimento de suas próprias casas.
E eles não viam o fosso que eles próprios cavavam?
Não, eles julgavam que ter mais alguns tostões no bolso, que ter uma cabana maior do que a maioria das pessoas, significava mais para as suas vidas do que o desenvolvimento da aldeia.
Olhe, mas deviam ser muito altas as contribuições que o chefe pedia a favor dos mais carenciados! Não devia ser por nada que os mais favorecidos deixavam de contribuir!
Não, as parcelas exigidas para o bem comum não eram tão altas e tinham regras que se modificavam de caso para caso, para não haver um esforço exagerado por parte de quem contribuía.
E mesmo assim, as pessoas não colaboravam?
Não, não colaboravam e faziam tudo para não contribuir.
Pois, mas isto foi no passado... Naquela época não havia democracia. Eles nem sequer podiam escolher o seu chefe...
Quanto a isto tens razão.
Que bom que esta aldeia já não existe hoje em dia.
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