O caro Al Gore esteve bem dentro da vida política, sendo vice-presidente da maior potência do mundo, do país mais poluidor. Esteve num lugar onde poderia deixar sementes, para colhermos um mundo melhor*.
Depois de já lhe ter passado a doença, voltando a ser um cidadão como outro qualquer, produziu (ou realizou) um documentário em jeito de correcção de consciência, lembrando que em toda a sua vida defendeu a natureza e a ecologia como mais ninguém, a não ser enquanto os Estados Unidos distribuiam urânio empobrecido no Afeganistão.
Apetece dizer, quanto a esta defesa a posteriori da natureza: mais vale tarde do que nunca. E que "A verdade incoveniente" não seja só uma verdade inconsequente.
Com o filme, as conferências e os discursos, ganhou o Prémio Nobel da Paz (e alertou algumas consciências - estou tentando ser justo). Aliás, é o primeiro Prémio Nobel da Paz que entra na subcategoria de "apesar de reformado ainda estou bem activo, fazendo o que devia ter feito antes"*.
Que o prémio sirva para algo e não só para uma futura candidatura à Presidência dos E.U.A., se bem que acho que Gore saiu dos requisitos do cargo, agora que foi premiado com toda esta paz. Um presidente americano imbuído no espirito da paz é uma ironia das mais refinadas. Era bom se fosse assim, mas sabemos como é a realidade...
No entanto, voltando a tentar ser imparcial, nada impede que Gore venha a fazer parte de algum Governo dos Estados Unidos. Não está absolutamente fora dos pressupostos. Simon Perez, por exemplo, já nos mostrou como um Prémio Nobel pode ser colocado na mesma gaveta onde Mário Soares guardou o socialismo.
Mas voltando ao assunto do título, resta dizer: Gore, faz qualquer coisa útil com o teu Nobel!
*Sugestões para o discurso de Gore, quando for receber o prémio.
Sem comentários:
Enviar um comentário