segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Trabalhadores contra trabalhadores

Na crise e no desemprego, um dos problemas é o de que os trabalhadores nacionais passam a estar contra os trabalhadores estrangeiros por julgarem estes últimos como os que lhes tiram trabalhos ou condições de trabalho.
É, na verdade, uma história muito mal contada e muito parcelar. Rompe pelo elo mais fraco, aliás como sempre. E aqui entra a Europa sim, com as suas políticas irresponsáveis na área dos direitos dos trabalhadores, tanto europeus como de países terceiros.
Mas nem quero ir tão longe. Quero é dizer que aqui os sindicatos tem um papel fundamental que jamais deveriam admitir esta situação de trabalhadores estarem contra trabalhadores. Devem promover uma verdadeira solidariedade entre trabalhadores. Os nacionais devem entender que uma das razões argumentativas da igualdade (que já como princípio deveria ser aceite) é o da defesa dos seus próprios direitos. Se não há direitos diferentes para uns e outros, se há uma efectiva fiscalização, o dumping terá de acabar.
Claro que sei que os “Governos” ou melhor os “interesses” da Europa relutam com isso. Tudo isso complexifica projecções futuras. Mas isso também das projecções deve ser substituído pela noção de que há coisas certas e há coisas erradas. Coisas erradas, delírios colectivos fizeram com que a Alemanha legitimasse o que legitimou contra os Judeus. Por isso, uma coisa é simples de prevêr: se a Europa não repensa políticas, se não coloca fim à perseguição aos imigrantes não regularizados, se continua a legitimar políticas de hostilização aos diferentes (e no mundo diferentes somos todos nós), irão se desmultiplicar, ou pelo menos irão surgir mais depressa do que seria de esperar, os radicalismos contra todos os que sejam de fora, mesmo numa vertente intra-UE.
Escrevi isso no blogue "Sem Muros", do Miguel Portas, a propósito do post "Isto anda tudo ligado".

2 comentários:

Silvana da Costa Alves disse...

Teu post me lembrou "Espelhos" do Galeano, que estou lendo. Em algumas partes, ele fala dos "Diabos". Em uns momentos é pobre, é estrangeiro, é mulher, é negro, é judeu, é palestino.

GWB disse...

ola silby.
q bom saber q continuas leitora.
beijos